quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ARAPONGAS FICARÁ SEM FUTEBOL - ADIR LEME DA SILVA SE DESPEDE

Celso PachecoFOLHA DE LONDRINA

Presidente anuncia fim do Arapongas

Alegando falta de apoio, Adir Leme da Silva confirmou que clube encerrará atividades ao final do Paranaense
Adir Leme da Silva se emocionou durante a coletiva de imprensa
O que era especulação desde o ano passado se confirmou ontem. O Arapongas Esporte Clube vai acabar após o fim do Campeonato Paranaense. A notícia foi dada ontem, pelo dono do clube, o empresário Adir Leme da Silva, que justificou a medida alegando falta de apoio na cidade. 

Existia um boato grande desde 2012 de que ele transferiria o clube para Maringá. Arapongas Esporte Clube na realidade é o nome fantasia da Empresa Brasileira de Futebol. Adir confirmou o convite por parte da prefeitura maringaense, assim como, segundo ele, tem outras propostas, como de Cascavel e de Barueri-SP, onde já foi presidente. Porém, disse que não tem nada concreto. 

"Houve consulta de Maringá, Cascavel e outras grandes cidades. Podemos mudar se pagarmos a taxa da Federação (Paranaense de Futebol-FPF), mas não sei se continuo no futebol", disse Adir. "Aqui não fico mais". A FPF cobra uma taxa de R$ 200 mil para autorizar a mudança de cidade de um clube. 

Em um discurso emocionado, o ex-gestor do Londrina e proprietário do Arapongas reclamou muito da falta de apoio tanto do empresariado local como do poder público, assim como mostrou seu descontentamento com a desconfiança da cidade com sua idoneidade. "Quanto aqui cheguei, tive que fazer todos os pagamentos antecipados", contou. "Parece também que algumas pessoas da cidade preferem o passado com os chamados 'picaretas' que por aqui estiveram e criaram uma ferida no futebol local que nunca cicatrizou, deixando desconfianças, um gosto amargo de frustração e dívidas que eu paguei", discursou. 

Adir assumiu o clube em 2008, ainda na Terceira Divisão do Campeonato Paranaense. O ápice de sua gestão veio no ano passado, quando o Arapongas foi campeão do interior e disputou a Série D do Brasileiro pela primeira vez na história. O clube ainda vai disputar a Copa do brasil este ano. A estreia é contra o São Caetano. "Justo agora, que com esses resultados achei que os investimentos viria aconteceu o inverso. Tive quase 50% menos de apoio", lamentou. 

Ele afirma ter investido cerca de R$ 3 milhões desde 2008 e estima um prejuízo de R$ 1 milhão até o fim do Estadual. Arapongas é o maior polo moveleiro do Paraná e o segundo do Brasil, movimentando mais de R$ 1 bilhão por ano, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima). "A cidade tem mais de 4 mil empresas e não tivemos apoio. Não vejo perspectivas de melhorar", lamentou o cartola, que também criticou o poder público. 

Ele lembrou que pagou do bolso a remodelação do Estádio José Chiappin, que é municipal. "Deixo R$ 1 milhão em benfeitorias no Estádio dos Pássaros, investidos na construção de área VIP com cadeiras, novo gramado, novos vestiários, banheiro para cadeirante e mais segurança para o torcedor", enumerou. 

Adir garantiu que o time concluirá a participação no Campeonato Paranaense e buscará o bicampeonato do interior. 

Procurado pela reportagem, o assessor de esportes da Prefeitura de Arapongas, Ricardo Gonçalves, informou que não havia sido comunicado oficialmente sobre a decisão do presidente do clube de encerrar as atividades ao final do Paranaense. Sem fazer promessas, Gonçalves disse estar "aberto a conversar" com Adir. 

Ontem à noite, o Arapongas receberia o Atlético, pela oitava rodada da competição.

Thiago Mossini
Reportagem Local

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