ESTUDO » ABANDONO ZERO Pesquisa mostra situação de animais domésticos em ArapongasDados coletados por alunos da Unopar vão subsidiar projeto que pode resolver problema de cães e gatos abandonados
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Animais abandonados: estatísticas subdimensionadas |
Uma pesquisa feita por um professor e alunos da Unopar em Arapongas vai oferecer dados importantes que poderão subsidiar a criação de políticas públicas que ofereçam soluções para o problema de abandono de animais nas cidades. A idéia do professor Fábio Coltro é concluir a pesquisa junto com um projeto que ele chama de Abandono Zero: “É possível e não é difícil chegarmos a um índice zero de animais abandonados. Muita gente tem interesse nessa causa e agora nós vamos ter dados concretos e um plano de ação definido. A partir daí, só falta articulação política”, diz ele.
Fábio Coltro é professor nos cursos de Administração, Gestão Ambiental e Ciências Aeronáuticas da Unopar. Ele iniciou o projeto de pesquisa no último semestre, junto com um grupo de mais de 20 alunos do curso de Administração, usando como modelo uma pesquisa semelhante feita no Rio de Janeiro. “O que nós queremos descobrir, basicamente, é porque as pessoas têm animais de estimação, como eles foram adquiridos e quanto elas gastam com esses animais”, detalha. Os alunos já aplicaram quase mil questionários em famílias que moram no Centro e na periferia de Arapongas.
Os primeiros dados mostram que quase 80% das casas têm animais e que as famílias gastam de 10 a 15% de seu orçamento doméstico com esses bichos. “Esse índice é muito parecido ao que se gasta com uma pessoa da família”, indica Fábio.
“Podemos notar indícios de que as relações com animais estão substituindo muitas relações humanas. As pessoas estão trazendo os animais para dentro da família. Hoje em dia já existem famílias constituídas por um casal e um cachorro; ou uma pessoa e um animal. Isso aponta para diversos fatores como a falta de credibilidade das instituições e relacionamentos humanos, a falta de comunicação entre as pessoas”, detalha o professor.
Ele não vê isso como algo negativo. Ao contrário, acredita que a relação com os animais traz muitas vantagens, inclusive para a saúde das pessoas: “Essa relação só é ruim quando o ser humano deixa de se relacionar ou cuidar de outro por causa de um animal”, ressalta.
A pesquisa tem apontado outros dados interessantes. Por exemplo, no centro da cidade há predominância de animais de raça e pequeno porte. Os animais maiores e sem raça definida aparecem mais na periferia.
De acordo com os números obtidos pelos alunos também é possível perceber que já existe uma mudança de comportamento favorável em relação à adoção: “A maior parte das famílias pesquisadas ganhou ou adotou o animal. No entanto, observamos também que pessoas com maior poder aquisitivo ainda preferem comprar seus bichos de estimação. Nas famílias de classe alta não se escolhe um cachorro, se escolhe uma raça da moda”, afirma o professor. “Muita gente quis um labrador depois de assistir o filme Marley e Eu ou comprou um Akita porque viu Sempre ao Seu Lado”, diz ele, referindo-se a dois filmes que fizeram sucesso recentemente e que contam histórias de cães e seus donos.
Uma boa notícia é que, segundo a pesquisa, a maioria dos animais que vivem com famílias são muito bem tratados.”A diferença é que os de raça recebem tratamento diferenciado. Eles têm ração, cama, roupas, produtos e acessórios próprios. Já os vira-latas partilham tudo que é da família, principalmente a comida”, aponta Fábio. |
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